sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O melhor já está dado. Agora somos nós.

Os últimos anos na Beira fizeram magia. Colocaram o país naquele ponto maldito do estilo “Independência ou Morte”. Em que temos de correr até à exaustão se queremos ficar no mesmo lugar. É assim que estaremos, mesmo tendo sido eleito Deviz Simango. Por isso quem espera muito talvez se engane. Tenho para mim que é melhor esperar bem pouco dos próximos anos na política nacional. Mesmo sendo Presidente do MDM o homem que nos ofereceu a maior garantia dada até hoje, em Moçambique, de que a Democracia funciona. E que talvez até tenha devolvido aos moçambicanos uma esperança antiga que já parecia nem passar de um sonho.Penso que daqui a cinco anos, teremos muita sorte se os preços dos bens de primeira necessida tiverem diminuído. Teremos sorte se as razões que o justificam para alguns forem em número menor. E teremos ainda mais sorte se as necessidades que fomos levados a criar, entretanto, não nos levarem a alguma das várias falências a que estamos sujeitos: Água, transporte e habitação são só as mais visíveis.É claro que o responsável por tudo isto não foi apenas a subida do petróleo no mercado internacional. Nem foi a subida o do ‘chapa’. Nem foram as explosões do Paiol. Nem a culpa foi exclusiva de Guebuza, é difícil imaginá-lo a tomar decisões sozinho. Elas foram tomadas por muitos mais. Foi uma forma de pensar que nos colocou na posição em que estamos. A forma de pensar que cada um destes homens (Frelimo) representa e que uns quantos têm a ousadia de chamar “os libertadores da pátria”. Com direito a associação (anilbazinhos e nhimpines deste mundo) e tudo. São os próprios que a resumem. Dizem que acreditam na protecção da vida, do casamento, da família, da fé e da liberdade. Também eu. O problema é que, para eles, a única fé com direito à defesa é a deles próprios. A única liberdade é a de pensar como eles pensam. E a forma de pensar é aquela que considera levar ao fim do mundo o facto de os funcionários da função pública não puderem assumir outras cores partidárias.Os valores da FRELIMO nunca foram nada disto. Os valores da FRELIMO começavam na possibilidade de libertar o país. E não é possível saber onde terminavam porque eram o que de melhor se conseguiu arranjar até hoje para que uma sociedade se organizasse com garantias elementares de paz e com um mínimo de justiça.Nos próximos anos, teremos sorte se prevalecer o Direito e se forem fechados na cadeia todos os corruptos de colarinho branco. Teremos sorte se o já chamado plano dos sete bis nos retirar da vulnerabilidade aos choques petrolíferos e nos der alguns anos de conforto. Teremos sorte se não aumentar a tragédia que leva já hoje proporções bíblicas, que é o êxodo de moçambicanos à xenofobia sul-africana. Um êxodo que em nada fica a dever à errância pelo Sinai em busca da terra prometida.Teremos muita sorte se as armas que destrõem moçambicanos fugirem das mãos dos criminosos e se mantiverem nas mãos do Estado e se a PRM se submeter voluntariamente a uma ordem que os dignifique e que defenda o povo, mas que também os saiba e possa punir quando os seus elementos se atreverem a conquistar dinheiro à custa de criminosos e da sanha pelo outro.Habituámo-nos a pensar que a Democracia caminha sempre para melhor mas não há certeza mais absurda. Teremos sorte se a Constitução se mantiver como o conhecemos hoje. Muita sorte. A História não tem rumo nem direcção. Não avança nem recua. As civilizações vão e vêm como tudo o resto e um dia alguém há-de pisar as nossas ruínas.De vez em quando ouvimos algumas vozes a falar de muito longe em pilares que é preciso erguer se queremos que o país possa funcionar como um todo, como um organismo em que a saúde de cada órgão seja mais do que preciosa. Seja vital para todos.Foi isto que todas as religiões propuseram ao longo dos tempos. Foi isto que todos os sistemas políticos prometeram. E foi isto que toda gente quis acreditar algum dia que seria possível acontecer quando descobriram o fenómeno Deviz Simango.Ouve-se ao longe e depois é o silêncio. Não passa de uma espécie de monumento a qualquer coisa que não existe senão nas certezas dos físicos ou nos momentos em que cantamos os “parabéns a você”.Gostaria de pensar que Deviz Simango tem nas mãos a alavanca para poder levantar a pedra mais pesada deste monumento mas ele não tem.O melhor que Deviz poderia dar-nos a todos julgo que já está dado. E não é tão pouco como isso. O melhor já está dado. Agora é connosco.

1 comentário:

  1. olha sinceramente o blog esta de bom caminho.acredito que a este ritmo e (se todos deixarmos de ser idiossincrasticos e sermos idolos de nos mesmos)se soltarmos os nossos ideais talvez o MUNDO MELHORE

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